Redução do consumo de tabaco em Portugal

Segundo dados do último Inquérito Nacional de Saúde, realizado entre setembro de 2019 e janeiro de 2020, o consumo de tabaco em Portugal Continental diminuiu nos últimos cinco anos. Da população residente em Portugal Continental com 15 ou mais anos, 16,8% é fumadora, 14% da qual fumadora diária.

A tendência crescente de consumo nas mulheres que se registava desde 1987 inverteu-se, com uma redução da prevalência do consumo de 13,2% para 10,9%.

Estes dados reforçam dois objetivos do Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo (PNPCT), da Direção-Geral da Saúde (DGS), que foram cumpridos em 2020.

O primeiro objetivo passa agora por reduzir a prevalência de consumo de tabaco na população residente com 15 ou mais anos para menos de 15% até 2022.

Segundo os dados do relatório, 61,1% da população portuguesa nunca fumou (44,8% dos homens e 75,3% das mulheres), 21,4% são ex-fumadores (30,6% homens e 13,4% mulheres), 2,8% são fumadores ocasionais (3,7% homens e 2% mulheres), 17% são fumadores (23,9% homens e 10,9% mulheres) e 14,2% são fumadores diários (20,2% homens e 9% mulheres). Em termos absolutos, estima-se que haja em Portugal 1 510 503 fumadores, entre os quais 1 262 404 que o fazem diariamente e 248 099 ocasionalmente.

Os Açores é a região que tem maior prevalência de fumadores (23,4%), seguida de Alentejo (19,1%) e Algarve (18,6%). A região mais a sul no país foi aquela em que mais caiu a percentagem de fumadores (variação de -6,3%), ao passo que o Alentejo foi a única que registou um aumento (1%).

Em termos etários, é entre a população entre 25 e 34 anos que se encontram mais fumadores (27,6%), seguida das faixas 35-44 anos (24,9%) e 45-54 (22,6%).

Mais de 13 mil mortes atribuídas ao tabagismo em 2019

Mais de 13 mil pessoas morreram, em 2019, em Portugal por doenças atribuíveis ao tabaco, das quais 1.771 por exposição ao fumo passivo, segundo o mesmo Relatório do Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo da DGS.

As últimas estimativas elaboradas pelo Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) sugerem que o tabaco foi responsável por 11,7% dos óbitos ocorridos em 2019 em Portugal.

Das 13.559 mortes registadas, a maioria eram homens (10.815), refere o relatório, estimando que 1.771 óbitos tenham resultado da exposição ao fumo ambiental (561 por doenças cérebro-cardiovasculares, 425 por infeções respiratórias, 312 por doença respiratória crónica, 242 por diabetes mellitus tipo 2 e 220 por cancro).

A maior percentagem de óbitos atribuíveis ao tabaco registou-se no grupo etário dos 50 aos 69 anos (24,8%).

Consultas de cessação tabágica afetadas pela pandemia

O mesmo relatório cita dados das Administrações Regionais de Saúde (ARS) que indicam que se realizaram 6.129 primeiras consultas de cessação tabágica, em 2020, menos 51,7% face ao ano anterior.

O número de consultas de apoio intensivo à cessação tabágica em Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) e serviços hospitalares também decaiu para 25.486 consultas, menos 39,2% que em 2019.

Para os próximos dois anos, a DGS define nas suas linhas de orientação estratégica “a implementação de campanhas massivas de comunicação, proibições abrangentes à publicidade, promoção e patrocínio do tabaco ou ainda o apoio à cessação tabágica, nomeadamente através de aconselhamento breve nos cuidados de saúde primários ou do recurso ao SNS 24”.